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A notícia que tenho para dar não é nada boa — resume, por fim.
A essa altura, a mulher de jaleco branco já havia se apresentado como Camila Albarrán (foto), médica responsável pela urgência do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPS). Conduzira a família do paciente até uma sala reservada e se prolongara na explicação do caso e do esforço para salvar o hospitalizado. Restava, tão somente, comunicar aos pais, à mulher grávida e à filha de poucos anos que o jovem havia falecido.

Só que na brutalidade de um acidente de trânsito, “falecer” é um floreio. O verbo não combina com o deslocamento até o trabalho ou o retorno para casa. Não pode ser coisa de um segundo de descuido ao volante e de poucos minutos de sobrevida em uma cama de hospital. No trânsito não se falece. Se morre.

Pelo menos nove vidas foram abreviadas nas estradas gaúchas durante a Páscoa, em 2012. Apesar da redução de quase 70% no número de mortes em relação ao ano anterior, historicamente, o feriado que se aproxima continua sendo um dos mais violentos nas rodovias. Dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RS) mostram que metade das vítimas perde a vida no local do acidente. A outra parcela é encaminhada para a emergência hospitalar mais próxima possível.
Todos os meses, uma média de 200 feridos em colisões e atropelamentos chegam até os cuidados de Camila. A maioria segue em frente — ainda que com traumas e lesões. Mas quando não resistem, cabe a ela a triste missão de comunicar aos familiares. Como uma mensageira da dor, é preciso fazer com que entendam linha a linha do enredo que anuncia um fim brusco, inesperado e sem qualquer capricho. Porque a morte é, também, uma aceitação.

Por isso, nesta Páscoa, quando mais de 160 mil veículos devem sair da Região Metropolitana rumo a dias de descanso, deslocando-se pelas estradas estaduais e federais do Rio Grande do Sul, o desejo de Camila é de um plantão mais tranquilo — ao menos no que se refere ao trânsito. Porque, ainda que morte seja sempre morte, o choque é proporcional à violência e à velocidade com que acontece. — A gente tem de se acostumar com a tarefa que nos cabe, a de dizer a pior notícia que alguém poderia ouvir. Mas a missão fica muito mais difícil quando o vazio vem atropelado pela falta de tempo de elaborar o luto e de aprender, aos poucos, a lidar com a dor da perda — explica a médica.

FONTE: ZERO HORA – RS -28/03/2013

    A TRANSITOAMIGO E SEUS PARCEIROS, A EXEMPLO DA DRA. CAMILA DEIXA AQUI NESTE ESPAÇO O SEU APELO POR UMA DIREÇÃO RESPONSÁVEL E QUE ESTA ATITUDE SE ESTENDA POR TODOS OS DIAS DE SUAS VIDAS.

    FELIZ PÁSCOA A TODOS

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